quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Trecho de “Mulheres que Correm com os Lobos” - Clarissa Pínkola Estés




“Cap. 12 – O Urso da Meia-Lua

Sob a orientação da Mulher Selvagem, resgatamos o antigo, o intuitivo e o arrebatado. Quando nossa vida reflete a dela, agimos com coesão. Persistimos, ou aprendemos a persistir se ainda não sabemos. Tomamos as medidas necessárias para manifestar nossas idéias no mundo. Recuperamos o foco de atenção quando o perdemos, ouvimos nossos ritmos pessoais, ficamos mais próximas de amigos e parceiros que estejam em harmonia com ritmos selvágicos e integrais. Optamos por relacionamentos que propiciam nossa vida instintiva e criativa. Estendemos nossa mão para beneficiar os outros. E estamos dispostas a ensinar parceiros receptivos tudo sobre os ritmos selváticos, se necessário.
Existe, porém, um outro aspecto do autodomínio, que é lidar com o que só se pode ser chamado de fúria da mulher. A liberação dessa fúria é obrigatória. Uma vez que a mulher se lembre das origens de sua fúria, ela passa a considerar que não pode parar nunca de ranger os dentes. Por ironia, também sentimos muita ansiedade para dispersar essa fúria, pois ela nos dá uma impressão nociva e aflitiva. Queremos nos apressar e nos livrar dela.
Reprimi-la, no entanto, não funciona. É como tentar guardar fogo num saco de aniagem. Não é aconselhável que nos queimemos, nem que queimemos outras pessoas. Portanto, cá estamos nós com essa emoção poderosa que achamos ter caído sobre nós sem que a chamássemos. É um pouco parecido com o lixo tóxico. Ele existe, ninguém o quer, mas existem poucos locais para depositá-lo. É preciso ir muito longe para que se encontre um terreno onde enterrá-lo. Segue-se uma versão intitulada “Tsukina Waguna, O Urso da Meia-Lua”, que pode ajudar a nos mostrar o que fazer quanto a isso. A história me foi dada pelo sargento I. Sagara, um veterano da Segunda Guerra Mundial e paciente do Hines Veteran's Assistance Hospital em Illinois, há muitos anos.”


Antes de postar o conto do Urso da Meia-Lua, preciso comentar esta introdução. Há muito, muito pouco tempo, passei por uma situação dolorosa, triste e claro, acompanhada de muita dor, e consequentemente, a fúria. Não fui violentada fisicamente. Muito, muito pior, de tanto ser agredida verbalmente, me tornei eu a agressora física. Agredi o homem em questão e a mim mesma. Entretanto, houveram contratempos que me impediam a decisão de encerrar por vez uma relação coturbada daquele jeito. Contratempos que nem comento, pois hoje, enterrei. Em pouco tempo, já entendi que não vai ser agora que vai passar, que essa ansiedade de esquecer, de nada adianta. Há um ritmo, um ciclo bem específico para aprender com a fúria daqueles momentos. Ainda relembro boa parte da dor, e, se eu relembro em certos momentos, é como se eu revivesse aquilo. Ainda estou em um processo, como será visto no conto, em que ainda não cumpri a segunda tarefa, aliás, acho que nem comecei a peregrinação. Os abismos de si mesmo. É um lugar perigoso, mas, com a consciência e com a mente, o corpo e o espírito bem ponderados, reconhecendo a origem da fúria, e como trabalhar de forma que ela seja proveitosa, e não como um veneno, torna a jornada bem mais aproveitável. Só essa introdução já dá muito tema pra pensar...
... em breve, o conto...

Um comentário:

  1. Oi Alê!! Quanto tempo^^
    Eu adoro esse livro demaaaais! Sempre estou re-re-re-lendo alguma parte^^

    Esse conto do Urso da Meia Lua é muito poderoso! Realmente precisamos aprender a liberar nossa raiva de maneira produtiva, antes que ela se torne uma fúria explosiva que nos consumirá.

    Esse conto me ensinou muitas coisas...mas eu realmente ainda não cumpri todas as tarefas...tenho uma dificuldade enorme de ser agressiva na hora certa....vou acumulando =/ e não deveria...ai quando vê...estoura por aparente "besteira"....um prato que caiu no chão...um chinelo que sumiu...quando na verdade é um longo processo até ali...

    Bençãos da Mulher Selvagem pra ti!

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