quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Anam Cara


Há mais ou menos 6 anos, comprei o livro Anam Cara - Um Livro de Sabedoria Celta, de John O'Donohue...indico, pois além de ser um ótimo "guia" em diversas situações e emoções na vida, é um livro cuja leitura desperta. A partir da observação sensível do autor, redescobrimos diversas sensações já esquecidas pelo cotidiano.
Segue abaixo alguns dos vários pensamentos que o livro me despertou a partir de certos trechos:

"UM DOS MAIORES PECADOS É A VIDA ANULADA

Na tradição Ocidental, aprendemos muitas coisas acerca da natureza da negatividade e da natureza do pecado, mas nunca nos disseram que um dos maiores pecados é a vida anulada. Somos enviados ao mundo para viver integralmente tudo o que desperta dentro de nós e tudo o que nos sucede. É uma experiência desolada estar junto ao leito de morte de uma pessoa que está cheia de arrependimento. Ouvi-la dizer como adoraria ter mais um ano para fazer as coisas com que seu coração sempre sonhara, mas julgava que nunca poderia fazer antes de se aposentar. Sempre adiara o sonho do seu coração. Há muitas pessoas que não levam a vida que desejam. Muitas das coisas que as impedem de ocupar seu destino são falsas. São apenas imagens em sua mente. Não são de forma alguma obstáculos verdadeiros. Nunca devemos permitir que nossos medos ou as nossas expectativas de outros determinem as fronteiras de nosso destino."

É uma reação perfeitamente normal paralisarmos de medo diante de uma situação difícil, particularmente quando nos deparamos com uma mudança de rumo inusitado na nossa história. Uma mudança brusca de paradigmas, crenças, uma morte, qualquer forma de mudança. Tememos e sofremos porque a zona de conforto não existe mais e a vida nos pressiona para um novo caminho. a opção sempre é: ou estagnamos assim que encontrarmos no caminho uma nova zona de conforto, até que sejamos mais uma vez, expulsos dela, ou nos arriscamos em percorrer o caminho. O problema é que a zona de conforto não dura, pois nela, não há movimento. Identificar o que nos causa medo, o que nos paralisa, quais perigos se repetem, é procurar esta fluidez. Identificando o desconforto, se é real ou não, que nos possibilita identificar a nós mesmos e as verdadeiras dificuldades e nos acertarmos com elas. Muitas vezes as dificuldades não necessitam de solução para serem superadas. Basta identificá-las e aceitá-las como uma parte da nossa história pessoal.
Muitas vezes a zona de conforto é nos espelhar nas expectativas do outro. Um amigo, um companheiro(a), um amor, nunca será amor se não aceitar que cada um deve ter seu próprio caminho. Duas pessoas caminham lado a lado, mas cada uma tem seu próprio trajeto e aventuras a seguir. A intenção toda de se ter um Anam Cara, um amor, um amigo da alma, é ter o apoio de outrem para seguir seu caminho. Ao se envolver com uma pessoa, devemos sim, apoiá-la em suas metas, decisões e conquistas. Deve-se ter cuidado, pois a armadilha aqui é confundirmos as aventuras de outra pessoa com a nossa. Cada um tem seus méritos e suas conquistas. O amor está em reconhecer a beleza do caminho de outrem, e em seguir a beleza de nosso próprio caminho.
Muitas vezes eu disse para amigos meus que o meu maior medo é chegar numa determinada idade e descobrir, ao olhar minha vida em retrospecto, que não tive história nenhuma. Conheci várias pessoas assim. Que se contentaram em nascer, estudar, fazer faculdade, buscar sucesso profissional, e sair de vez em quando pra espairecer. Não tenho pretensões de criticar, e nem posso, já que nunca vivi assim, portanto, não faço idéia de quais prazeres e quais tristezas isso causa.
Em família, levei muitas chamadas por naõ me importar com sucesso profissional. Me contento em ter o que preciso. Isso foi dolorido, invariavelmente, por mais que sejamos pessoas fortes, e determinadas, uma certa quantidade de pressão, e quando vemos, estamos expostos e vulneráveis a todo tipo de crítica. Aí que eu comecei a viver uma vida que não era minha.
Não há nada de errado em não se ter os mesmos objetivos e metas que o senso-comum. Basta identificar quais objetivos te pertencem e quais são investidos em você por fora.
Com todos os erros e traumar que me permiti na minha vida, não me arrependo de nenhum sofrimento e de nenhuma alegria. Com elas que aprendi a separar o que é meu e o que não é. O ideal, para mim, não é viver feliz. Mas sim, viver plenamente. Cada momento, cada tristeza, cada alegria.

Um comentário:

  1. Me identifiquei COMPLETAMENTE com o texto, pois também me contento com o que preciso, e preciso MUITO menos de coisas materiais de que do prazer. Preciso sentir o sabor da vida em cada dia que degusto...

    Legal esbarrar contigo neste cyberespaço tão vazio...

    Meu MSN é interatividade@hotmail.com

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