sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Mitos, doçura e reflexões diante do espelho


Desde muito nova, eu sempre gostei de Mitologia. Me lembro que a primeira história que li foi a de Eco, a jovem ninfa que Hera condenou a apenas repetir o que ouvia, depois de distrair a Rainha com sua conversa animada para que Zeus desse suas puladinhas de cerca.
Foi a primeira vez que eu “saquei” a Mitologia. Que eu peguei a idéia do que singifica cada símbolo, a lição de cada história. E alguns poucos anos depois, comecei a vivenciar os mitos. Mais uns aninhos mais prá frente, conheci O cara: Joseph Cambell...primeiro com o Heróis das Mil Faces, O Poder do Mito, e outros livros devorados em série. Alguns emprestados, outros comprados, outros, pior...alugados!
Ontem mais uma vez, o mito foi vivenciado de uma forma ao mesmo tempo acalentadora e assustadora: o mito de Sedna, a Mulher-Esqueleto, que chegou sem aviso no ritual, e a Fêmea Selvagem, da qual até sinto há um bom tempo a proximidade mas nunca sei se chego perto ou se me afasto. A verdade é que sempre observei meus comportamentos e titudes e sempre notei que eles são muito próximos ao comportamento de um bicho-do-mato tentando se adaptar á urbe.
A visualização me trouxe uma imagem bacana, a Loba que me aguardava na caverna me dizia com o olhar ansioso “você não vem? O que deu em você? Vem, sai daí, você já tá boa, vai por mim!”. E eu lembro de sair de dentro da caverna de tão assustada, com a barriga raspando no chão. Me lembro de chegar num rio e ver meu rosto no rosto da Loba. E pensar comigo...”uau...essa aí...sou eu?”...queria ter contado mais sobre isso na aula, mas estava um pouco dispersa. E realmente de uns tempos pra cá, eu tenho me recolhido demais...sempre tem q ir pra casa. É como se eu estivesse machucada e não quisesse ficar vulnerável por aí. Como se eu não tivesse mais garras pra sair rosnando pra meio-mundo. Essa insegurança, a Loba me esperava na frente da caverna. Ela sabe que eu estou melhor. E ela me chama pra sair da caverna, mas ela vai na minha frente, protegendo. Querendo ou não, ainda não sou Loba-véia. Ela é. Ela sabe todos os caminhos , sabe orientar e proteger. Sabe até que ponto eu me defendo e até que ponto eu começo a rosnar sozinha. O fato é que eu tenho uma tendência fortíssima a ser solitária. Me acostumei com isso, e o problema é justamente ter virado questão de honra. Ou eu fico meses a fio escondida, ou saio rosnando...não que haja alguma ameaça bem ali, mas por garantia, é melhor sair garras e dentes. Esconder a doçura. Esconder a fragilidade. Sublimar tais características numa raiva doentia.
É.......já tem um tempo que eu tô dizendo que o mato tá me chamando....e tá UIVANDO dessa vez, nem tá chamando. Chega de ser a Lobinha boba, que rosna, rosna, fica atenta e aí, passa por enrascadas que por uma teta ela não acaba se arriscando. Não, tô na hora de sair. Voltar pro meu habitat. Certa de que, não importa onde eu for, tenho uma Loba-velha, uma selvagem sábia para me acompanhar. E me acostumar a ter companhia ;-)...
Levei um pequeno “insulto” ontem na aula. Uma me disse que eu sou doce, a outra me disse que eu sou bonita, a outra diz que eu sou fofa, meiga, etc e etc.....além de me matar de vergonha (não sei lidar com isso gente, sorry se pareceu alguma coisa ruim), eu sempre me sinto meio “desafiada” quando me elogiam. Um pouquinho de timidez, talvez, quem sabe? E hoje me peguei o dia todo martelando: mas que raios...eu me lembro de ser doce...em algum momento na vida...quando foi que parei? É impressionante, depois de tanto tempo que vivi na defensiva por diversas situações em que obscureci a doçura e o carinho para me tornar uma voraz devoradora, uma predadora feroz, hoje em dia, já nem entendo mais tão bem o significado de doçura. O mais engraçado é que depois de perguntar e conversar com muitas pessoas, todos vêem e conhecem um aspecto meu doce, frágil, e até meigo! Só eu que não achei isso em mim mesma ainda!

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