sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

MATOCHIKALA

Eu sempre gostei muito de um aspecto da história humana, que é o nosso aprendizado com os animais, aspecto que aparece sempre no Xamanismo, com os animais de poder, os Totens...apesar de ter muita proximidade com o Lobo, eu tenho pesquisado muito sobre os Ursos, e me deparei com essa história no site sobre cultura Lakota. É uma história bem bacana, sobre o aprendizado humano em companhia dos Ursos. Eu mesma traduzi, qualquer erro, me avisem, ok?...


Mato era um urso pequenino quando veio ao mundo. Ele nasceu na profundeza de uma caverna e não era grande o suficiente para causar mal a qualquer ser vivo. Sua mãe o chamava de Matochikala, na linguagem humana.
Quando sua mãe acordou de seu longo sono, ela levou o Pequeno Urso para fora da caverna, para os brilhantes raios do Sol da Primavera. “O que são estas criaturas que voam sobre minha cabeça?” o Pequeno Urno perguntou. “Wanbli, a Águia”, sua mãe respondeu com um grunhido. “É com a Águia que aprendemos a viver com dignidade. Os olhos da Águia são mais apurados que o nosso, então, nós sempre ouvimos os avisos que ela manda lá de cima”
A Mãe do Pequeno Urso o levou para atravessar a mata até a beira de um rio onde ela o ensinaria a beber água. Ele pos o nariz na fria e límpida água e provou um pouco dela. O choque da água corrente fez com que ele ficasse assustado instantaneamente. Muitos anos depois, quando ele estava crescido e havia recebido seu nome de Guerreiro, Malo, ele se lembraria desta primeira “degustação”. Sempre que ele precisasse de clareza mental ou alerta para caçar, ele se lembraria primeiro da sensação que teve nesta primeira vez que bebeu da água do rio, para se preparar para a tarefa.
Mato se lembrava de seus primeiros dias com reverência, pois sua mãe havia sido uma ótima professora. Ela sempre o protegeu e o orientou para que ele vivesse a plenitude da vida. Ela o ensinou como caçar as larvas dentro dos troncos apodrecidos das árvores tombadas. Ela o ensinou quais flores e matinhos eram mais doces, que raízes o fortaleceriam e quais frutos o alimentariam durante suas longas horas de hibernação no Inverno.
E ela o ensinou como pescar o peixe vermelho (salmão) quando este saltasse da água contra a correnteza. A Mãe de Mato o indicou um lugar especial entre duas pedras íngremes, onde ele podia fazer tocaia. “Espere quietinho e pacientemente neste lugar”, ela disse, “e quando o grande Vermelho aparecer, e saltar da água, ele pulará diretamente pra dentro da sua boca.”
E então foi assim que as pessoas aprenderam a pescar, observando Mato e sua Mãe. Daquela vez em diante, enquanto Mato e seus irmãos pudessem ser vistos na beira do rio, as pessoas não passaram fome.

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