sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009
Mitos, doçura e reflexões diante do espelho
Desde muito nova, eu sempre gostei de Mitologia. Me lembro que a primeira história que li foi a de Eco, a jovem ninfa que Hera condenou a apenas repetir o que ouvia, depois de distrair a Rainha com sua conversa animada para que Zeus desse suas puladinhas de cerca.
Foi a primeira vez que eu “saquei” a Mitologia. Que eu peguei a idéia do que singifica cada símbolo, a lição de cada história. E alguns poucos anos depois, comecei a vivenciar os mitos. Mais uns aninhos mais prá frente, conheci O cara: Joseph Cambell...primeiro com o Heróis das Mil Faces, O Poder do Mito, e outros livros devorados em série. Alguns emprestados, outros comprados, outros, pior...alugados!
Ontem mais uma vez, o mito foi vivenciado de uma forma ao mesmo tempo acalentadora e assustadora: o mito de Sedna, a Mulher-Esqueleto, que chegou sem aviso no ritual, e a Fêmea Selvagem, da qual até sinto há um bom tempo a proximidade mas nunca sei se chego perto ou se me afasto. A verdade é que sempre observei meus comportamentos e titudes e sempre notei que eles são muito próximos ao comportamento de um bicho-do-mato tentando se adaptar á urbe.
A visualização me trouxe uma imagem bacana, a Loba que me aguardava na caverna me dizia com o olhar ansioso “você não vem? O que deu em você? Vem, sai daí, você já tá boa, vai por mim!”. E eu lembro de sair de dentro da caverna de tão assustada, com a barriga raspando no chão. Me lembro de chegar num rio e ver meu rosto no rosto da Loba. E pensar comigo...”uau...essa aí...sou eu?”...queria ter contado mais sobre isso na aula, mas estava um pouco dispersa. E realmente de uns tempos pra cá, eu tenho me recolhido demais...sempre tem q ir pra casa. É como se eu estivesse machucada e não quisesse ficar vulnerável por aí. Como se eu não tivesse mais garras pra sair rosnando pra meio-mundo. Essa insegurança, a Loba me esperava na frente da caverna. Ela sabe que eu estou melhor. E ela me chama pra sair da caverna, mas ela vai na minha frente, protegendo. Querendo ou não, ainda não sou Loba-véia. Ela é. Ela sabe todos os caminhos , sabe orientar e proteger. Sabe até que ponto eu me defendo e até que ponto eu começo a rosnar sozinha. O fato é que eu tenho uma tendência fortíssima a ser solitária. Me acostumei com isso, e o problema é justamente ter virado questão de honra. Ou eu fico meses a fio escondida, ou saio rosnando...não que haja alguma ameaça bem ali, mas por garantia, é melhor sair garras e dentes. Esconder a doçura. Esconder a fragilidade. Sublimar tais características numa raiva doentia.
É.......já tem um tempo que eu tô dizendo que o mato tá me chamando....e tá UIVANDO dessa vez, nem tá chamando. Chega de ser a Lobinha boba, que rosna, rosna, fica atenta e aí, passa por enrascadas que por uma teta ela não acaba se arriscando. Não, tô na hora de sair. Voltar pro meu habitat. Certa de que, não importa onde eu for, tenho uma Loba-velha, uma selvagem sábia para me acompanhar. E me acostumar a ter companhia ;-)...
Levei um pequeno “insulto” ontem na aula. Uma me disse que eu sou doce, a outra me disse que eu sou bonita, a outra diz que eu sou fofa, meiga, etc e etc.....além de me matar de vergonha (não sei lidar com isso gente, sorry se pareceu alguma coisa ruim), eu sempre me sinto meio “desafiada” quando me elogiam. Um pouquinho de timidez, talvez, quem sabe? E hoje me peguei o dia todo martelando: mas que raios...eu me lembro de ser doce...em algum momento na vida...quando foi que parei? É impressionante, depois de tanto tempo que vivi na defensiva por diversas situações em que obscureci a doçura e o carinho para me tornar uma voraz devoradora, uma predadora feroz, hoje em dia, já nem entendo mais tão bem o significado de doçura. O mais engraçado é que depois de perguntar e conversar com muitas pessoas, todos vêem e conhecem um aspecto meu doce, frágil, e até meigo! Só eu que não achei isso em mim mesma ainda!
sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009
Anam Cara - 2a parte
"Somos tão privilegiados por ainda dispor de tempo. Temos apenas uma vida, e é uma lástima limitá-la por medo ou pr falsas barreiras.
É belo imaginas que a verdadeira Divindade é a presença em toda beleza, unidade, criatividade, escuridão e negatividade estão harmonizadas.
Ás vezes a grande escassez de bênçãos em nós e á nossa volta origina-se do fato de não estarmos levando a vida que apreciamos, de estarmos, antes, levando a vida que se espera de nós. Perdemos o ritmo coma secreta assinatura e luz de nossa Natureza."
Ontem mesmo, eu conversava com a Andréa e, em mais um de vários retrospectos e devaneios, compreendi que, por mais que nós pensamos que somos fortes e únicos, muitas vezes a necessidade de ser aceito, de fazer parte de um grupo, torna-se uma voz hipnótica, que fecha os ouvidos para a voz da alma. É neste momento que acabamos perdendo a identidade, e sob o efeito da urgência de ser aceito nos dissolvemos em um determinado grupo. Quando isso acontece, o risco é chegar em um ponto onde o indivíduo já não sabe mais onde é o seu fim e o início do outro, ////////o efeito devastador é que, ao abdicarmos de nós mesmos, a possibilidade de fazer parte do grupo vira um jogo de roleta-russa, onde as possibilidades de fazer parte de um grupo deiguais é de 1 em 100. Na maioria das vezes, a mulher se anula, e, não correspondendo ao meio que ela se impôs, acaba solitária, por não faezr parte daquele meio, e abandonada de si mesma.Episódios de abandono de si mesmo deixam armadilhas por toda parte.É como se fosse uma série de ritos de passagem durante a vida para a pessoa encontrar-se com si mesma. Sempre há expectativas e exigências de fora que acabam em nossas mãos. A mãe tem suas expectativas, os colegas de trabalho, companheiros e amigos,
Tentar desesperadamente viver os papéis que cada um espera de você é um desgaste enorme de energia. Quando tentei viver de acordo com o meio social que cismava que eu PRECISAVA conquistar, tudo na minha vida em particular dava errado. Tudo era difícil, sofrido, tudo podia desmoronar a qualquer instante se eu não agisse, e rápido. A forma que eu encontrei de “libertação” começou por distinguir o que havia realmente de problemas, quais deles existiam e quais deles eram apenas imaginários. Antes de me envolver em situações difíceis entre familiares,a migos, conhecidos, o mais prático e efetivo é pensar: “O que nisso tudo é realmente meu?”. É assustadora a quantidade de vezes em que a resposta para esta pergunta é “Nada”.
Ao viver em função do meio social em detrimento de si próprio, a vida acaba sendo anulada. Mas ela continua acontecendo. Ao se abandonar em função de outros grupos, a própria vida fica ás moscas. A mente se ocupa em resolver o mundo de fora, e o de dentro fica abandonado.
Viver feliz não é uma meta. O mais importante é que, antes de qualquer outra pessoa, a sua própria vida há de ser vivida PLENAMENTE. Encontrar o equilíbrio entre a euforia, e a apatia, permitir-se sofrer, identificar seu sofrimento e sua alegria, e aprender mais de si mesmo com eles, é viver plenamente. Se permitir viver é viver plenamente.
Conheci uma pessoa que sempre que eu tinha problemas me dizia: “Você ainda é nova, dá pra resolver”. E começava a contar seus dramas pessoais e dificuldades profissionais. O problema ´foi ter chegado a uma idade avançada e ao olhar para trás, descobrir o quanto sua vida mal foi vivida. Ele não estava no centro de sua vida. O centro de sua vida era a carreira, era a ambição. E ele girava em torno disso. O ideal é ser o centro da sua vida. O resto que gire á sua volta, você trabalha sua vida e seu destino. A vida tem um prazo de validade, e cada momento deve ser apreciado, pois até mesmo a luz e a escuridão, todos tem a sua beleza divina. A natureza das criaturas de Deus (seja lá como você chame!) é admitir que não são apenas parte da Criação, mas também somos os Criadores...abdicar da própria Natureza, é abdicar-se de si mesmo. Ao abdicar de si mesmo, a energia criativa se esvai e se esconde cada vez mais profundo, ficando cada vez mais difícil de encontrar quando é necessário.
Então, reavalie: o que é a sua vida, o que não é? Você está vivendo os momentos do dia a dia em sua intensidade? Você enxerga a beleza da vida, emprega suas energias e forças criativas no que quer, ou a entrega nas mãos de outrem?
quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009
Ritual de proteção
Tenho o hábito de sempre seguir meu faro. Coisa de bicho mesmo...escuto aquela voz baixinha lá dentro me dizendo: vai ali...é assim...canta....toca...e obedeço como se meu corpo estivesse adormecido...
Cheguei em casa, e um dos sticks de ervas que estavam pendurados no telhadinho de casa caiu bem na minha frente. Automaticamente, fui á cozinha, peguei um fósforo...joguei o álcool dentro do caldeirão, peguei meu tambor e comecei a tamboricar....
ianá hey, hey ô....ianá hey hey ô....sentia minha mente espiralando pra dentro e para fora de mim...deixei o tambor ao lado do caldeirão, peguei o stick de ervas e queimei, andando pela casa, em todos os cômodos, minha mão parecia orientada a espalhar a fumaça das ervas, para cima, para baixo, e em círculos, leste-oeste-leste-oeste...entrei nos quartos...fui ao quintal...lá, deparei-me com uma linda Lua Cheia, e o céu limpo, um manto de Ísis bordado com estrelas brilhantes. Abri meus braços e me apresentei á Avó Lua. Pedi pela proteção de todas as minhas conquistas, pedi pela preservação e o bem-estar de mim e de meu iguais, agradeci aos espíritos que ali estavam comigo, e aos que já habitam aquela casa bem antes de eu chegar lá. Agradeci aos meus gatos pela companhia, e proteção. Agradeci á Loba que ali estava, ao meu lado, tranquilamente. E á Águia que sobrevoava meu lar, e de longe veio para me trazer notícias do que estão lá, tão distantes de mim.
Deixei as luzes de fogo queimando no jardim, agradeci ao limoeiro que guarda a casa, e aos seres que ali vivem. Devolvi as ervas para a Terra, agradecendo-lhes o sacrifício, fui ao meu quarto, e ali, coloquei numa mesinha o incensário, uma xícara com água, um pratinho com flores e a uma vela. agradeci aos elementos e aos elementais, ao Povo do Mundo Verde e aos meus animais e espíritos de poder, aos protetores e meus ancestrais. Fui dormir, pela primeira vez em meses, fui dormir em paz. E hoje, acordei estável o suficiente para relatar aqui este belo chamado da Terra, a Grande Mãe, que sussurrou no meu ouvido logo que cheguei em casa, a quem eu precisava me conectar (ela mesma) para ter de volta a paz e a plenitude que tanto prezo.
Anam Cara
Há mais ou menos 6 anos, comprei o livro Anam Cara - Um Livro de Sabedoria Celta, de John O'Donohue...indico, pois além de ser um ótimo "guia" em diversas situações e emoções na vida, é um livro cuja leitura desperta. A partir da observação sensível do autor, redescobrimos diversas sensações já esquecidas pelo cotidiano.
Segue abaixo alguns dos vários pensamentos que o livro me despertou a partir de certos trechos:
"UM DOS MAIORES PECADOS É A VIDA ANULADA
Na tradição Ocidental, aprendemos muitas coisas acerca da natureza da negatividade e da natureza do pecado, mas nunca nos disseram que um dos maiores pecados é a vida anulada. Somos enviados ao mundo para viver integralmente tudo o que desperta dentro de nós e tudo o que nos sucede. É uma experiência desolada estar junto ao leito de morte de uma pessoa que está cheia de arrependimento. Ouvi-la dizer como adoraria ter mais um ano para fazer as coisas com que seu coração sempre sonhara, mas julgava que nunca poderia fazer antes de se aposentar. Sempre adiara o sonho do seu coração. Há muitas pessoas que não levam a vida que desejam. Muitas das coisas que as impedem de ocupar seu destino são falsas. São apenas imagens em sua mente. Não são de forma alguma obstáculos verdadeiros. Nunca devemos permitir que nossos medos ou as nossas expectativas de outros determinem as fronteiras de nosso destino."
É uma reação perfeitamente normal paralisarmos de medo diante de uma situação difícil, particularmente quando nos deparamos com uma mudança de rumo inusitado na nossa história. Uma mudança brusca de paradigmas, crenças, uma morte, qualquer forma de mudança. Tememos e sofremos porque a zona de conforto não existe mais e a vida nos pressiona para um novo caminho. a opção sempre é: ou estagnamos assim que encontrarmos no caminho uma nova zona de conforto, até que sejamos mais uma vez, expulsos dela, ou nos arriscamos em percorrer o caminho. O problema é que a zona de conforto não dura, pois nela, não há movimento. Identificar o que nos causa medo, o que nos paralisa, quais perigos se repetem, é procurar esta fluidez. Identificando o desconforto, se é real ou não, que nos possibilita identificar a nós mesmos e as verdadeiras dificuldades e nos acertarmos com elas. Muitas vezes as dificuldades não necessitam de solução para serem superadas. Basta identificá-las e aceitá-las como uma parte da nossa história pessoal.
Muitas vezes a zona de conforto é nos espelhar nas expectativas do outro. Um amigo, um companheiro(a), um amor, nunca será amor se não aceitar que cada um deve ter seu próprio caminho. Duas pessoas caminham lado a lado, mas cada uma tem seu próprio trajeto e aventuras a seguir. A intenção toda de se ter um Anam Cara, um amor, um amigo da alma, é ter o apoio de outrem para seguir seu caminho. Ao se envolver com uma pessoa, devemos sim, apoiá-la em suas metas, decisões e conquistas. Deve-se ter cuidado, pois a armadilha aqui é confundirmos as aventuras de outra pessoa com a nossa. Cada um tem seus méritos e suas conquistas. O amor está em reconhecer a beleza do caminho de outrem, e em seguir a beleza de nosso próprio caminho.
Muitas vezes eu disse para amigos meus que o meu maior medo é chegar numa determinada idade e descobrir, ao olhar minha vida em retrospecto, que não tive história nenhuma. Conheci várias pessoas assim. Que se contentaram em nascer, estudar, fazer faculdade, buscar sucesso profissional, e sair de vez em quando pra espairecer. Não tenho pretensões de criticar, e nem posso, já que nunca vivi assim, portanto, não faço idéia de quais prazeres e quais tristezas isso causa.
Em família, levei muitas chamadas por naõ me importar com sucesso profissional. Me contento em ter o que preciso. Isso foi dolorido, invariavelmente, por mais que sejamos pessoas fortes, e determinadas, uma certa quantidade de pressão, e quando vemos, estamos expostos e vulneráveis a todo tipo de crítica. Aí que eu comecei a viver uma vida que não era minha.
Não há nada de errado em não se ter os mesmos objetivos e metas que o senso-comum. Basta identificar quais objetivos te pertencem e quais são investidos em você por fora.
Com todos os erros e traumar que me permiti na minha vida, não me arrependo de nenhum sofrimento e de nenhuma alegria. Com elas que aprendi a separar o que é meu e o que não é. O ideal, para mim, não é viver feliz. Mas sim, viver plenamente. Cada momento, cada tristeza, cada alegria.
sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009
Totem - A Águia Careca (Bald Eagle)
A Águia...
Recentemente entrei em um relacionamento que está sendo mais do que especial, e estranho, é que numa das conversas com a minha “nova” companheira de jornada (com tudo que temos trocado desde quando nos conhecemos, DUVIDO que seja nova companheira), saiu da minha boca o questionamento sobre o que uma águia poderia significar pra mim, num aspecto religioso. Ela olhou bem pra mim e disse: “voa, voa pra bem alto, pra longe”. Então fiquei pensando e a tal da Águia não saiu mais da minha cabeça. Nas últimas meditações que fiz, lá estava ela, enorme e majestosa, a Rainha dos Pássaros, uma linda bald eagle. Então, fuçando no site xamanismo.com, veja o que eu encontro!
"Uma Águia voou.
Seus olhos olhavam para o infinito
Voou, cresceu, aprendeu
Que o infinito é muito longe
E que o importante mesmo.
É continuar voando
E voando rumo ao Retorno
Rumo ao Ponto de Transição
Em harmonia com o tempo.
Seguindo o curso da natureza
O caminho se completando em si mesmo.
Tudo espontâneo e no devido tempo.
Como o sentido do Céu e da Terra.
O repouso dá lugar ao movimento
Com suavidade e amor
E que o Retorno traga a beleza.
As águias pescadoras e marítimas, alimentam-se basicamente de peixes. A Bald Eagle é parte dessa categoria. Aqueles que tem uma Bald Eagle como totem, precisam olhar a associação simbólica com a água. Água e peixe são símbolos de aspectos psíquicos da vida e de energias criativas. Reflete uma habilidade ou necessidade para aprender a caminhar entre os dois mundos . A água é a criativa fonte de vida e viver perto de fontes naturais de água, pode ser importante para a saude daqueles que têm Bald Eagles como totens. Uma águia desta caçando, é habil para penetrar nas águas, segurar o que necessita e se elevar. Tudo isso reflete a expansão de uma habilidade e necessidade para se aprender a trabalhar com emoções, psiquismo, e todos os aspectos de espiritualidade com grande controle.
Ela reflete ensinamentos sobre a verdade, mediando a entrada e saída do ser, nos mais etéreos reinos.
A Bald Eagle é maior do que a Águia Dourada, mas a dourada voa mais alto e com mais graça. A Bald é um símbolo do feminino, enquanto a Dourada simboliza o masculino. As penas brancas da Bald Eagle especialmente acumulam energia e são links com a Medicina da Avó, tremenda sabedoria, cura e criação.
As penas de águias são sagradas, utilizadas em poderosas cerimonias de cura ( limpeza de aura). As penas brancas também são utilizadas para máscaras, pelos indios Pueblo. Faz a conexão ancestral com os mistérios do céu e de todos os fenomenos.
Tanto a Águia Dourada como a Bald Eagle chegam para simbolizar a nobreza heróica, como o Divino Espírito. Essas águias são os mensageiros do paraíso e expressam o Espírito do Sol.
Elas também são símbolos da redescoberta de nossa criança interior. Existia uma crença que quando a velha idade se aproximava, os olhos de águia podiam turvar e a águia poderia então, voar tão perto do Sol, que poderia queimar-se. Então ela busca a fonte de água pura e mergulha três vezes dentro d´agua e rejuvenesce. Isso reflete misticamente, a alquimia da ressurreição. O fogo do Sol e as águas claras são elementos opostos trazendo mudanças harmônicas.
Refletem algumas necessidades para quem as têm como totem :
• Deverá ter envolvimento com a criatividade
• Experiência nos extremos com controle da situação, para facilitar o processo alquímico dentro da vida.
• A disposição de sacrifícar-se (sacro-oficio) para a purificação (voar até o Sol) e usar suas habilidades sempre que sentir que está se queimando.
• A disposição para buscar fora verdadeiros aspectos emocionais de sí mesmo e ir dentro de sí, buscando sua criança interior perdida e despertando um alto senso de pureza, paixão, criatividade, cura e espiritualidade.
Os pés das águias têm quatro garras, como as Quatro Direções. A Águia inspira habilidade para voar e conexão com a terra. Suas garras são feitas para agarrar e caçar, refletem a necessidade de conexão com as coisas da terra. Sem a habilidade para agarrar poderosamente não sobreviveria. Seu bico é afiado para cortar, rasgar, triturar.
Para aqueles que tem o totem da águia, novas visões se abrem. Essa visão poderá ser do passado, presente ou futuro. Segue o texto que escreví no livro "O Vôo da Águia " :
A Águia tem sido cultuada e reverenciada por muitos povos há milênios. É incontestável a força do seu simbolismo no inconsciente coletivo da humanidade. Sua medicina é muito poderosa, voa alto, acima das nuvens negras da ignorância humana, ajuda-nos a conquistar os limites deste mundo e alcançar outros reinos. Povos Nativos encontram na Águia coragem, resistência e força para enfrentar desafios difíceis. Curandeiros e xamãs usavam suas penas como um importante instrumento de poder curativo.
A medicina da Águia, ajuda no desenvolvimento de poderes xamânicos, viajando em mundos alternativos. Invocando a Águia, conseguimos a habilidade de voar velozmente à grandes alturas espirituais para o reino onde todas as coisas são possíveis. Por ser parte integrante dos céus; é associada ao Pai Céu e ao Sagrado Poder Solar da transcendência.
Com os olhos da águia, nós podemos ver com a visão da Luz Solar, clareando a verdade na escuridão da ilusão. Esta visão clara permite-nos ver à distância, para enxergar a nossa própria vida, livre de preconceitos e preocupações. Permite-nos voar longe dos limites dos detalhes, focando as coisas mais importantes e desenvolvendo nosso espírito.
A Águia ensina a ampliar a percepção sobre nós mesmos, além dos horizontes visíveis. Ensina a atacar nossos medos pessoais do desconhecido.
Os nativos americanos associam a Águia ao Poder de Wabun (Espírito Guardião da Direção Leste). Wabun tem o poder dos novos começos. Marca o renascimento, fazndo as pessoas verem mais claramente, com perspectivas mais amplas. É o pássaro mensageiro do Grande Espírito, levando mensagens dos homens para o Criador.
No cristianismo a Águia é a mensageira celestial, simbolizando a subida das orações a Deus e a descida da Graça Divina aos mortais. Na alquimia é o símbolo da volatização. Na Maçonaria é o símbolo da audácia. Para os hindus, foi a Águia quem trouxe a bebida sacramental "Soma ". No Egito a Águia é um emblema real que ficava no peito dos faraós, assegurando-lhes poder. Era também "Ah" e consagrada a Hórus. Entre os gregos e os persas era consagrada ao Sol. Para os gregos era considerada como o emblema sagrado para Zeus.
Minha Guardiã
Canção de Poder Canalizada
Águia, prá onde voas
Águia, prá onde vais
A Voar, a voar, a voar, a voar
A voar, a voar, sem parar
Águia, o que tu buscas
Águia, o que tu procuras
A voar, a voar, a voar, a voar
A voar, a voar, para mim.
Águia, não me abandones
Guia meu caminhar
A voar, a voar, a voar, a voar
A voar, a voar, para mim
És minha Guardiã
Contigo, não vou recuar
Vou voar, vou voar, vou voar, vou voar
Vou voar, vou voar, com você."
quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009
Trecho de “Mulheres que Correm com os Lobos” - Clarissa Pínkola Estés
“Cap. 12 – O Urso da Meia-Lua
Sob a orientação da Mulher Selvagem, resgatamos o antigo, o intuitivo e o arrebatado. Quando nossa vida reflete a dela, agimos com coesão. Persistimos, ou aprendemos a persistir se ainda não sabemos. Tomamos as medidas necessárias para manifestar nossas idéias no mundo. Recuperamos o foco de atenção quando o perdemos, ouvimos nossos ritmos pessoais, ficamos mais próximas de amigos e parceiros que estejam em harmonia com ritmos selvágicos e integrais. Optamos por relacionamentos que propiciam nossa vida instintiva e criativa. Estendemos nossa mão para beneficiar os outros. E estamos dispostas a ensinar parceiros receptivos tudo sobre os ritmos selváticos, se necessário.
Existe, porém, um outro aspecto do autodomínio, que é lidar com o que só se pode ser chamado de fúria da mulher. A liberação dessa fúria é obrigatória. Uma vez que a mulher se lembre das origens de sua fúria, ela passa a considerar que não pode parar nunca de ranger os dentes. Por ironia, também sentimos muita ansiedade para dispersar essa fúria, pois ela nos dá uma impressão nociva e aflitiva. Queremos nos apressar e nos livrar dela.
Reprimi-la, no entanto, não funciona. É como tentar guardar fogo num saco de aniagem. Não é aconselhável que nos queimemos, nem que queimemos outras pessoas. Portanto, cá estamos nós com essa emoção poderosa que achamos ter caído sobre nós sem que a chamássemos. É um pouco parecido com o lixo tóxico. Ele existe, ninguém o quer, mas existem poucos locais para depositá-lo. É preciso ir muito longe para que se encontre um terreno onde enterrá-lo. Segue-se uma versão intitulada “Tsukina Waguna, O Urso da Meia-Lua”, que pode ajudar a nos mostrar o que fazer quanto a isso. A história me foi dada pelo sargento I. Sagara, um veterano da Segunda Guerra Mundial e paciente do Hines Veteran's Assistance Hospital em Illinois, há muitos anos.”
Antes de postar o conto do Urso da Meia-Lua, preciso comentar esta introdução. Há muito, muito pouco tempo, passei por uma situação dolorosa, triste e claro, acompanhada de muita dor, e consequentemente, a fúria. Não fui violentada fisicamente. Muito, muito pior, de tanto ser agredida verbalmente, me tornei eu a agressora física. Agredi o homem em questão e a mim mesma. Entretanto, houveram contratempos que me impediam a decisão de encerrar por vez uma relação coturbada daquele jeito. Contratempos que nem comento, pois hoje, enterrei. Em pouco tempo, já entendi que não vai ser agora que vai passar, que essa ansiedade de esquecer, de nada adianta. Há um ritmo, um ciclo bem específico para aprender com a fúria daqueles momentos. Ainda relembro boa parte da dor, e, se eu relembro em certos momentos, é como se eu revivesse aquilo. Ainda estou em um processo, como será visto no conto, em que ainda não cumpri a segunda tarefa, aliás, acho que nem comecei a peregrinação. Os abismos de si mesmo. É um lugar perigoso, mas, com a consciência e com a mente, o corpo e o espírito bem ponderados, reconhecendo a origem da fúria, e como trabalhar de forma que ela seja proveitosa, e não como um veneno, torna a jornada bem mais aproveitável. Só essa introdução já dá muito tema pra pensar...
... em breve, o conto...
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