Conta uma velha lenda dos índios Sioux, que uma vez, Touro Bravo, o mais valente e honrado de todos os jovens guerreiros, e Nuvem Azul, a filha do cacique, uma das mais formosas mulheres da tribo, chegaram de mãos dadas, até a tenda do velho feiticeiro da tribo:
- Nós nos amamos, e vamos nos casar - disse o jovem. E nos amamos tanto que queremos um feitiço, um conselho, ou um talismã, alguma coisa que nos garanta que poderemos ficar sempre juntos, que nos assegure que estaremos um ao lado do outro até encontrarmos a morte. Há algo que possamos fazer?
E o velho, emocionado ao vê-los tão jovens, tão apaixonados e tão ansiosos por uma palavra, disse:
- Tem uma coisa a ser feita, mas é uma tarefa muito difícil e sacrificada... Tu, Nuvem Azul, deves escalar o monte ao norte dessa aldeia, e apenas com uma rede e tuas mãos, deves caçar o falcão mais vigoroso do monte e trazê-lo aqui com vida, até o terceiro dia depois da lua cheia. E tu, Touro Bravo - continuou o feiticeiro - deves escalar a montanha do trono, e lá em cima, encontrarás a mais brava de todas as águias, e somente com as tuas mãos e uma rede, deverás apanhá-la trazendo-a para mim, viva!
Os jovens abraçaram-se com ternura, e logo partiram para cumprir a missão recomendada. No dia estabelecido, à frente da tenda do feiticeiro, os dois esperavam com as aves dentro de um saco. O velho pediu, que com cuidado as tirassem dos sacos, e viu eram verdadeiramente formosos exemplares...
- Agora - disse o feiticeiro, apanhem as aves, e amarrem-nas entre si pelas patas com essas fitas de couro; quando as tiverem amarradas, soltem-nas, para que voem livres.
O guerreiro e a jovem fizeram o que lhes foi ordenado, e soltaram os pássaros. A águia e o falcão tentaram voar, mas apenas conseguiram saltar pelo terreno. Minutos depois, irritadas pela incapacidade do vôo, as aves arremessavam-se entre si, bicando-se até se machucar.
E o velho disse:
- Jamais esqueçam o que estão vendo; este é o meu conselho: Vocês são como a águia e o falcão; se estiverem amarrados um ao outro, ainda que por amor, não só viverão arrastando-se, como também, cedo ou tarde, começarão a machucar-se um ao outro.
Se quiserem que o amor entre vocês perdure, voem juntos, mas jamais amarrados.
Vi no Saindo da Matrix
segunda-feira, 10 de maio de 2010
segunda-feira, 3 de maio de 2010
RESPEITO, CUIDADO E ATENÇÃO – Xamanismo (e outras espiritualidades também)
Não vou ficar repetindo aqui o quanto a civilização atual sem perceber sofre a falta de identidade, de ligações significativas, da carência de mitos e da urgência em voltar-se para a Terra.
Também não pretendo dizer aqui nada sobre as guerras religiosas, os crimes religiosos. Não pretendo em nenhum momento usar de referências históricas.
Mas vejo muito, em pelo menos 9 das 10 conversas que tenho por aí em que menciono algo sobre o Xamanismo, seja a tratando como “religião” seja uma opinião minha que é refletida diretamente ao Xamanismo, que muitos se dizem “conhecedores” do assunto, sem na verdade ter embasamento algum.
Talvez seja pela “fama” atribuída ao Xamanismo com a tal “nova era”, que o ranço das escolas tradicionais religiosas (tais como a teologia, ou os estudos kardecistas) que, sendo uma religião re-estruturada das cinzas, basta uma leitura ou alguns momentos ouvindo uma palestra e PRONTO! Já se “é” xamã.
Como é fácil se aprofundar num assunto e se manter superficial no mesmo!
Eu posso regurgitar citações e opiniões de vários livros. De nada adianta se eu não vivê-lo. Parece que ainda estamos presos ao “leia e decore” do colegial!
O Xamanismo é um nome dado a uma prática espiritual, não gosto de chamar de religião, pois remete ao “religar-se”. Não vejo o Xamanismo como uma forma de se reconectar a algo. A prática xamânica leva á uma conexão contínua com TUDO. O Grande Mistério é esse.
Todas as bases e características de práticas xamânicas tem em comum não apenas a cura. Mas sim a contemplação; o tal Grande Mistério não é decifrado; tampouco para ser solucionado (lembre-se é um mistério é um mistério, não um problema!); a prática xamânica vem de dentro pra fora, não de fora para dentro.
É necessário sim, estudar, ler, identificar os passos, reconhecer a trilha. Mas de nada será útil sem os tais atributos: de nada adianta entender e ler por exemplo, sei lá..os ensinamentos de D.Juan ao Castañeda, sem saber usar seu faro.
Os atributos do guerreiro, dos animais de poder, dos ancestrais, dos espíritos aliados, são presenças constantes na vida do Xamã. Além de pesquisas e estudos, do Xamã “moderno” (eu sempre acho engraçado falar assim, “moderno” rs). E nenhum desses passos, nenhum desses aliados um dia vira para o Xamã e diz: “já te ensinei tudo que eu tenho pra ensinar”. Por que a vida não termina. Ora, então como haveria de acabar as novidades? Quando é que se acaba de contemplar esse Grande Mistério?
O segredinho é que tudo é válido. O Xamanismo não é uma religião apenas. É uma vivência. A prática xamânica flui, não é um espirro.
O espaço é sagrado. Sim, o espaço ritual é consagrado o tempo todo. E o seu lar? E o seu trabalho? E o caminho que você toma todo dia? Seu carro que te transporta? Seus pés que te sustentam?
Reconhecer a sacralidade em tudo é viver o Xamanismo. Reconhecer a sacralidade em ler um texto, questionar e colocar em prática, é viver o Xamanismo.
Viver o Xamanismo, é viver a vida. Plena. Inteira. Sem deixar faltar nem um pedacinho dela.
Ouvi dizer que na minha idade, aos 20-25, também conhecida por “vintolescência”, é a fase em que a sensação de urgência, de resolver a vida até os 30 é típica. Não digo que não me deixa preocupada chegar aos 30 sem algumas coisas concluídas.Porém, há outras que não me preocupo. Já cedo, entendi que nunca haverá o “falta só um pouquinho e tudo estará perfeito.”. Os problemas também são vivenciados, é nas crises que aprendemos.
Abraçar a escuridão também faz parte dessa “crença” (argh...essas palavras...). Posso usar uma centena de metáforas para explicar, mas de nada adiantará. A escuridão e a luz de cada um, cabe a cada um experimentar a própria.
Então, por favor, não atormentem seus ancestrais, animais de poder, e aliados para resolverem seus problemas como se eles fossem definitivos. Pois quando os problemas e soluções (hic!HIC!HIC!)dessa existência acabarem, novos ciclos começarão.
quinta-feira, 4 de março de 2010
Nossos mitos e Lendas: IARA
IARA
Uiara, Oiara, Eiara, Igpupiara, Hipupiara
Mito baseado no modelo das sereias dos contos homéricos, a Iara é a Vênus amazônica;
é uma ninfa loira de corpo deslumbrante e de beleza irresistível. Sua voz é melodiosa e seu
canto, tal como no original grego, é capaz de enfeitiçar a todos que o ouvem, arrastando-os
em sua direção, até o fundo do rio, lagos, igarapés, etc., onde vivem esses seres fabulosos. Na
Amazônia o tapuio que escuta o cantar da Iara fica "mundiado" e é atraído por ele; o mesmo
se dá com as crianças que desaparecem misteriosamente. Crêem os ribeirinhos que essas
crianças estão "encantadas" no reino da "gente do fundo". Lá o menino é instruído no preparo
de todos os tipos de puçangas e remédios. Ao fim de sete anos, durante os quais foi iniciado
nas artes mágicas, na manipulação de plantas e ervas, etc.; o jovem pode retornar para junto
dos seus, onde, geralmente, se torna um grande xamã, um medicine-man.
Se as sereias e seu consorte, o Tritão, existem realmente, ninguém sabe, mas um caso
acontecido com o senhor Cícero, velho pescador e antigo delegado da cidade de Soure, na
Ilha do Marajó, quase nos deixa com um testemunho da existência dessas criaturas. O caso
nos é contado pelo neto do protagonista, o pesquisador e estudioso de magia nativa, Antonio
Jorge (Brito da Silva) Thor6.
Corria o ano de 1925, e como sempre faziam, seu Cícero e seus amigos prepararam-se
para mais uma pescaria no seu pesqueiro favorito, de onde nunca saíam sem que estivessem
carregados dos mais diversos peixes. Este lugar era secreto, conhecido apenas por eles, mas
naquela noite enluarada, uma estranha calmaria, uma quietude desconhecida no mar,
prenunciava surpresas.
As horas passavam e, estranhamente, nenhum peixe beliscava as imóveis iscas e anzóis.
De repente o senhor Cícero sentiu um forte puxão na linha, indicativo evidente de que fisgara
um dos grandes; o que foi confirmado pelo esforço que fazia para puxar a presa, tanto que
teve de pedir ajuda aos companheiros. Deixemos que Thor continue:
"Em dado instante a parte que parecia estar bem iscada, cedeu!... Naquele
momento, oportunamente, o pensamento foi um só: - Perdemos o peixe! Entretanto,
ao chegar com o anzol a flor d'água [...]estava lá, bem enrolado no anzol
de bom tamanho, algo que os faria interrogativos para o resto de suas vidas: -
um monte de cabelos loiros, os quais mediam entre 1,5 metro a 2,5 metros."
O pavor que tomou conta dos surpresos pescadores foi tanto que fugiram do local
abandonando anzóis, linhas e, provavelmente, a única prova palpável, insofismável, de que as
sereias, as Iaras, existem.
Na nossa cultura o mito da deidade fluvial Iara, mesclou-se com seus congêneres
europeus (sereias) e africanos (Iemanjá) causando alguma confusão. Confusão esta provocada
pelo que Victor Jabouille chama de "espírito de evangelização", que todo colonizador se acha
possuído, a ponto de "destruir as velhas tradições e os velhos mitos pela imposição das realidades alheias.
6 THOR (ou THOT, como é chamado atualmente), Antonio Jorge. Introdução à teoria dos elementais. Edição
do autor. Não tem ficha catalográfica, mas nos garantiu ele que foi publicado no ano de 1985, em Belém.
Fonte: painel_de_lendas
A oiara
.Em noite de lua cheia
A oiara vai banhar
Entrando mar adentro
Vai seus cabelos lavar
Vive na ilharga dos rios
Vai ao mar só passear
Distante de sua lenda
Quer somente descansar
Anda pela maresia
Embaixo de sol e luar
Descansando ela inventa
Jeito novo de encantar
fonte: Vaqueiro Marajoara
Origem da personagem
Contam os índios da região amazônica que Iara era uma excelente índia guerreira. Os irmãos tinham ciúmes dela, pois o pai a elogiava muito. Certo dia, os irmãos resolveram matar Iara. Porém, ela ouviu o plano e resolveu matar os irmãos, como forma de defesa. Após ter feito isso, Iara fugiu para as matas. Porém, o pai a perseguiu e conseguiu capturá-la. Como punição, Iara foi jogada no rio Solimões (região amazônica). Os peixes que ali estavam a salvaram e, como era noite de lua cheia, ela foi transformada numa linda sereia.
Fonte: suapesquisa.com.br
“O rio pejou de lamento
Foi desespero no mar
A lua se foi na noite
Deixou somente o luar”
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